A posição epistemológica que vê no pensamento, na razão, a fonte principal do conhecimento humano chama-se racionalismo (de ratio = a razão). Segundo ela, um conhecimento só merece na realidade este nome quando e logicamente necessário e universalmente válido. Quando a nossa razão julga que urna coisa tem que ser assim e que não pode ser de outro modo, que tem de ser assim, portanto, sempre e em todas as partes, então, e só então, nos encontramos ante um verdadeiro conhecimento, na opinião do racionalismo. Um conhecimento desse tipo apresenta-se-nos, por exemplo, quando formulamos o juízo "o todo e maior do que a parte", ou o juízo "todos os corpos são extensos". Em ambos os casos vemos com evidência que tem de ser assim e que a razão se contradiria a si mesma se quisesse sustentar o contrário. E porque tem de ser assim, e também sempre e em todas as partes assim. Estes juízos possuem, pois, uma necessidade lógica. (…) e uma validade universal rigorosa. (...) Todo o verdadeiro conhecimento se funda deste modo - assim conclui o racionalismo - no pensamento. Este é, por conseguinte, a verdadeira fonte e base do conhecimento humano.
J. Hessen, Teria do Conhecimento
Pedro Menezes
Professor de Filosofia
A teoria do conhecimento, ou gnosiologia, é uma área da filosofia voltada para a compreensão da origem, natureza e a forma que tornam possível o ato de conhecer pelos seres humanos.
Como disciplina da filosofia, a teoria do conhecimento surgiu na Idade Moderna, tendo como fundador o filósofo inglês John Locke.
Gnosiologia ou gnoseologia (do grego gnosis, "conhecimento", e logos, "discurso") está relacionada ao ato de conhecer, a partir da relação entre dois elementos:
o SUJEITO - aquele que conhece (ser cognoscente)
o OBJETO - aquilo que pode ser conhecido (cognoscível)
Partindo dessa relação, é possível conhecer algo e estabelecer formas distintas para o conhecimento, ou melhor, para a apreensão do objeto.
A posição filosófica segundo a qual a razão tem um papel preponderante na aquisição de conhecimento. O racionalismo é assim o oposto do EMPIRISMO. Tal como existem versões radicais de empirismo que negam à razão qualquer papel na aquisição de conhecimento, também as versões mais radicais de racionalismo negam aos sentidos qualquer papel na aquisição de conhecimento. Contudo, ao passo que ainda hoje em dia há quem defenda posições empiristas radicais, as posições racionalistas radicais só foram populares na Grécia antiga. As versões mais moderadas de racionalismo defendem que tanto a razão como os sentidos são fontes substanciais de aquisição de conhecimento. Há que não confundir a ideia de que podemos adquirir conhecimento a priori acerca do mundo com a ideia de que o conhecimento não seria possível sem termos experiência do mundo. Uma coisa é como adquirimos os conceitos relevantes usados na formulação das nossas crenças acerca do mundo, os quais podem ser adquiridos através da experiência; outra coisa é saber se, na posse dos conceitos relevantes, podemos ou não saber coisas acerca do mundo sem recorrer à experiência. Por exemplo, o facto de termos adquirido os conceitos de azul e de vermelho através da experiência perceptiva não nos impede de saber a priori que um objecto todo vermelho não pode ser azul.
Não se deve confundir as posições racionalistas tradicionais com a defesa de uma capacidade racional de intuição responsável pelo nosso conhecimento a priori. Por exemplo, como sabemos que ou chove ou não chove? Porque num certo sentido podemos "ver" através da nossa intuição racional que isso é verdade. Os primeiros grandes filósofos racionalistas foram DESCARTES, LEIBNIZ e ESPINOSA. As posições racionalistas foram praticamente rejeitadas durante o séc. XIX com a descoberta de geometrias não-euclidianas. Graças ao trabalho de filósofos como Thomas Nagel (n. 1937) e Laurence Bonjour (n. 1943) o racionalismo volta a estar hoje na ordem do dia.
2. Num sentido mais geral, o racionalismo é a ideia de que só racionalmente podemos chegar às verdades acerca do mundo. Tanto a experiência como a razão são métodos racionais de aquisição de conhecimento, por oposição aos processos místicos, como a fé ou a revelação divina.
Tipos de conhecimento
Sensorial/sensível
É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato, audição e paladar).
Intelectual
Trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente. Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica.
Vulgar/popular
É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial.
Científico
Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do popular.
Filosófico
Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana.
Religioso/teológico
Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode basear-se em experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação.
Declarativo
O conhecimento declarativo seria o referente a coisas estáticas, paradas, como por exemplo os conceitos de uma ciência, ou a descrição de um objeto. Um exemplo típico de conhecimento estático é o significado dos termos de classificação de relevo. Ao passo que o conhecimento procedural refere-se às coisas funcionando, como os processos, as transformações das coisas, e também como que deve ser o comportamento de um profissional em uma determinada situação. Um exemplo de conhecimento procedural seria a conduta indicada para um agricultor retirar a licença de um desmatamento que queira fazer em sua propriedade.
Encarando o conhecimento por outro ângulo, temos o conhecimento explícito, o qual especialista consegue formalizar em linguagem facilmente, de forma transmissível e eficaz para outra pessoa. Do outro lado temos o conhecimento tácito (normalmente mais complexo) que seria o “jogo de cintura” que o profissional vai ganhando com a prática de sua profissão. De maneira geral, o especialista costuma não ter noção de seus conhecimentos tácitos, e mesmo quando o têm, costuma não saber como ele funciona e nem a tamanho de sua abrangência.
O conhecimento científico
Francis Bacon, "O conhecimento é poder".
O desenvolvimento do método científico deu uma contribuição significativa para a nossa compreensão do conhecimento. Para ser considerado científico, um método inquisitivo deve ser baseado na coleta de provas observáveis, empíricas e mensuráveis sujeitas aos princípios específicos do raciocínio. O método científico consiste na coleta de dados através de observação e experimentação, bem como na formulação e teste de hipóteses. A ciência e a natureza do conhecimento científico também se tornaram objeto de estudo da filosofia. Como a própria ciência tem desenvolvido, o conhecimento desenvolveu um amplo uso que sido desenvolvido no âmbito da biologia / psicologia - discutido em outro lugar como meta-epistemologia ou epistemologia genética, e em certa medida, relacionadas com a "teoria do desenvolvimento cognitivo".
Note-se que "epistemologia" é o estudo de conhecimento e de como ele é adquirido. A ciência é "o processo usado todos os dias para completar os pensamentos logicamente através de inferência de fatos determinados por experimentos calculados." Sir Francis Bacon, crítico do desenvolvimento histórico do método científico, escreveu obras que estabeleceram e popularizaram uma metodologia indutiva para a pesquisa científica. Seu famoso aforismo "conhecimento é poder" é encontrado nas Meditações Sacras (1597).
Dicionário Escolar de Filosofia, Plátano Editora: http://www.defnarede.com/r.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento
https://www.todamateria.com.br/
http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/
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