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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Do ponto de vista das Neurociências: MÚSICA NÃO É SÓ PARA OS OUVIDOS !



Inúmeros estudos já concluíram que a música é processada em diversas regiões cerebrais. Existem evidências de que ela possa ter aplicações terapêuticas. A imagem ao lado ilustra várias das áreas encefálicas que se ativam durante o processamento musical. 



MÚSICA E NEUROPLASTICIDADE

 Estudos indicam que há diferenças estruturais entre cérebros de músicos e não músicos. Entre as diferenças apontadas estão maior volume do córtex auditivo, maior concentração de massa cinzenta no córtex motor, maior corpo caloso anterior. Estudos envolvendo neuroplasticidade indicam correlação entre tempo de estudo musical e essas diferenças estruturais. Além disso, é possível que haja um período crítico relacionado a essas mudanças, indicando uma possível correlação entre idade em que se começou a estudar música e as mudanças estruturais cerebrais.


 Há, ainda, estudos que indicam correlação entre treinamento musical formal e habilidades linguísticas, espaciais e matemáticas. Além disso, há indícios de que a boa discriminação de altura e ritmo em música possa contribuir para boa discriminação fonológica e para desenvolvimento precoce da leitura. Também foram encontradas correlações entre treinamento musical e memória verbal, além de correlação com melhora em testes de QI. Também com relação aos possíveis efeitos do treinamento musical no cérebro, estudos com potenciais evocados indicam que a discriminação de estímulos auditivos têm maior amplitude em músicos profissionais do que em não músicos. ​
Além das contribuições do estudo da música para o tratamento de vários distúrbios neurológicos, pode-se indicar um possível uso da música na área de educação, uma vez que há indícios de correlações entre habilidades musicais e outros tipos de habilidades, desde cognitivas até relacionadas à socialização e integração dos indivíduos.

 Inúmeros estudos já concluíram que a música é processada em diversas regiões cerebrais. Existem evidências de que ela possa ter aplicações terapêuticas. A imagem ao lado ilustra várias das áreas encefálicas que se ativam durante o processamento musical.



UM REMÉDIO SEM EFEITOS COLATERAIS?​

A música tem efeitos neuroquímicos que podem melhorar o sistema imunológico, reduzir a ansiedade e até mesmo regular o humor. A descoberta é de uma dupla de psicólogos da Universidade de McGill, no Canadá. A pesquisa aponta que certas músicas podem elevar a produção de imunoglobulina A (um tipo de anticorpo) e de glóbulos brancos, responsáveis por atacar invasores como bactérias e germes.

Os cientistas Mona Lisa Chanda e Daniel Levitin descobriram que ouvir ou até mesmo tocar música pode reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e elevar os níveis de oxitocina, relacionado ao bem-estar. Isso melhora o humor e facilita as interações sociais. Músicas mais lentas com melodias suaves tendem a ser mais relaxantes do que canções com ritmo mais rápido. Para chegar a essa conclusão, Chanda e Levitin analisaram mais de 400 pesquisas que associam a música com processos neuroquímicos específicos. Vários estudos indicam que a música pode até mesmo controlar a dor. A dupla canadense propõe que médicos e terapeutas comecem a levar a música mais a sério. Chanda e Levitin esperam que a música possa ser usada como calmante antes da cirurgia. A pesquisa dos canadenses destaca que tratamentos baseados em música não são invasivos e têm efeitos colaterais mínimos. Além disso, são baratos e "naturais". 

QUANDO COMEÇAMOS A OUVIR? QUANDO COMEÇAREMOS A ESCUTAR?

 O bebê é capaz de perceber sons desde o quinto mês da sua vida intrauterina, ou seja, adquirindo esta capacidade muito antes de falar ou andar. O autor Maudale (2007:10) defende que a audição influencia em muito o movimento, a linguagem e a aprendizagem da criança. Para ele, escutar é ouvir e é ter a motivação de ouvir. Define ouvir como sendo a faculdade que a criança tem de receber sons e escutar como a capacidade que requer a habilidade de selecionar os sons que lhe interessam entre toda a diversidade que lhe chega aos ouvidos. Deste modo, ouvir é um ato passivo enquanto que escutar é um ato ativo e "voluntário". Portanto, ouça, mas não deixe de escutar. ​
Estudiosos sugerem que a capacidade para a música depende de um sistema auditivo e vocal relativamente sofisticados, que teria se desenvolvido há cerca de 1,75 milhões de anos, já em hominídeos bípedes do gênero Homo. Mas o momento de maturidade de tais sistemas chegaria apenas há 400 a 300 mil anos, com o Homo heidelbergensis.

 Evidências arqueológicas mais consistentes, como flautas, apitos, chocalhos e outros instrumentos de percussão só foram encontrados em sítios arqueológicos de 35 a 30 mil anos. Pinturas e entalhes em pedra em cavernas com datação de 16 mil anos revelam dançarinos, implicando também a presença da música e sua relevância social.  Uma pergunta que intriga: por que a música surgiu como parte do comportamento humano? Por que a arte musical já está presente em estágios tão primitivos e adversos da história humana, se ela não é básica para os homens sobreviverem em termos de necessidades materiais (alimentação, proteção, reprodução)? A verdade é que não sabemos ao certo, mas talvez a música seja mais básica e essencial do que ainda supõe nossa vã visão científica...

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