Louco ou visionário? Aventureiro? Prestidigitador? Charlatão? Espião? Ou um subproduto da aristocracia das cortes europeias, do cavalheirismo dos gentis-homens que existiram no século XVIII? Paranormal ou viajante do tempo? Ou tudo somente um exagero nas narrações a seu respeito ou então apenas um lenda?
Falava-se que ele foi místico, alquimista, químico, ourives, lapidador de diamantes, cientista, aventureiro, cortesão, músico e compositor.
São estas as indagações a respeito deste homem misterioso que viveu naquele século. Não confundi-lo com um seu contemporâneo Claude Louis, também Conde de Saint Germain que foi general e ministro da França.
Dizem que ele teria sido filho de judeu português ou que teria nascido na Alemanha, na cidade de Eckenförd (Schlswig) Também se falava que era filho de Francis II Rakoczik e teria nascido na Transilvânia ou então que seria filho de Marie Ann de Klouburg, viúva do rei Carlos II com o conde Adanero. Mas sua origem é desconhecida. Nasceu segundo alguns autores no dia 28/05/1696.
Teria estudado na Itália como protegido pelo Duque Gian Gastoni, último descendente dos Médici.
Sabe-se que viajava muito e que sempre esteve ligado à música, alquimia e ocultismo e que tinha uma memoria prodigiosa, que podia predizer o futuro, que era supostamente maçom e tinha atividades politicas e sociais. Assombrou muitos países da Europa e em especial a corte francesa da época.
Será relatada uma sinopse do que se conseguiu compilar através dos livros que falam sobre este fantástico personagem.
Quando o Conde de Saint Germain a esfinge do século XVVV apareceu na Inglaterra em 1745, não foi de se surpreender que o inglês respeitável como Horace Walpole afirmasse: “Canta, toca violino maravilhosamente, compõe, é louco e não muito sensível”.
Certas enciclopédias o criticaram chamando de aventureiro, mas há um abismo entre atribuir-lhe adjetivos e estudar sua vida e sua natureza.
A polícia francesa pensava que ele fosse espião prussiano. Outras polícias secretas pensavam que ele fosse agente russo, ou partidário da restauração dos Stuarts da Inglaterra, nome esse ligado às origens do REAA.
Voltaire dizia: “Homem sabe-tudo”. Um dos seus discípulos, o Príncipe Karl Von Hesse-Kassel escreveu que Saint Germain foi um dos maiores filósofos que viveu neste mundo.
Quando o Marechal Belle-Isle, o apresentou à Marquesa Pompadour e a Luiz XV, seu amante, o rei estava entediado. O Conde manteve muitas conversações com o Rei e com a Marquesa sobre alquimia e outros assuntos.
A princípio Luiz XV mostrou-se céptico em relação aos conhecimentos do Conde sobre alquimia e transmutação. Mas não podia criticar um homem que ostentava brilhantes mais lindos que os dele.
O Marechal Belle-Isle descreveu com muita vivacidade o primeiro encontro e diálogo entre Saint- Germain e o Rei “se puder fazer o elixir de longa vida ou a Pedra Filosofal estaremos prontos para comprar a fórmula. Enquanto isso poderá ter uma mansão e uma pensão, mas isso não quer dizer que eu acredito em suas pretensões”.
-“Não peço nem mansão, nem pensão. Trago comigo todos os recursos que necessito, um séquito de servidores e dinheiro para arrendar uma casa”.
Ato contínuo colocou a mão no seu bolso e de lá retirou certa porção de lindos brilhantes soltos e jogou-os sobre a mesa e ante ao Rei disse: “E queira Vossa Majestade aceitar estas pedras como uma pobre oferta”. Esses Majestade, são alguns brilhantes que consegui fabricar, graças à minha arte.
Um magnifico castelo o de Chambord foi colocado à disposição do Conde. Ali, o indolente Rei descobriu a alegria do trabalho, iniciando suas experiências sob a orientação do maior químico da época, o Conde de Saint Germain.
O Jornal London Chronicale de 31 de Junho de 1766 diz o seguinte: “Tudo o que se pode dizer com justiça desse cavalheiro é que ele deve ser considerado um estrangeiro desconhecido e inofensivo, que tem recursos para consideráveis despesas cujas fontes não são conhecidas. Levou da Alemanha para a França a reputação de um insuperável alquimista que possui o pó secreto e em consequência disso a panaceia universal. Correm rumores que o estrangeiro é capaz de fazer ouro”.
A coleção de lindas pedras preciosas que o Conde possuía, concorreu para aumentar a sua reputação de químico e alquimista.
Quando o Marquês de Valbelle visitou o Conde de Saint Germain, este lhe pediu uma moeda de prata de seis francos. Depois de cobri-la com uma substância negra expôs esta moeda ao fogo. Quando esfriou a peça de prata esta já não era mais prata e sim ouro.
Quando o capelão da corte de Versaille perguntou se ele praticava magia negra, ele respondeu que era um estudioso sério da química e tinha feito descobertas, que eram de utilidade para a humanidade.
As experiências com corantes provavelmente entre Saint Germain e o Rei foram realizadas muito antes das anilinas serem descobertas por Unverdoben em 1826.
Este homem aparentava ter mais ou menos uns cinquenta anos. Para se opinar mais com base a sua idade é necessário examinar as memórias, cartas, documentos, registros, artigos de jornais daquele século.
Segundo o Barão de Gleischen, franco-maçom o mesmo relata ter conhecido Saint Germain em 1710 sendo que ele aparentava ter uns cinquenta anos.
Nos anos 1737 a 1742 foi hóspede de honra da corte do Xá da Pérsia.
De 1745 a 1746 viveu em Viena na mansão do Príncipe Ferdinand Von Lobkowistz.
Em 1749 chegou a Paris por insistência do Marechal Belle-Isle.
Em 1756 O Conde Robert Clive fundador do domínio inglês na Índia encontrou-se com ele lá.
Em 1760 o Jornal London Chronicale, publicou um artigo sobre o interesse que Saint Germain estava despertando em Londres nesta época.
Em 1762 O Conde estava em São Petsburgo onde participou do golpe de estado que levou vitoriosa Catarina, a Grande, ao trono da Rússia.
Em 1768 o Conde estava em Berlin. No ano seguinte viajou para a Itália, Córsega e Tunes.
Em 1770 foi hóspede do Conde Orloff quando a esquadra russa aportou em Liverpool. Usava uniforme de general russo.
Na década de 1770 ficou na Alemanha, ativamente empenhado em atividades maçônicas e rosacrucianas com seu protetor o Príncipe Kar Von Esse-Kassel.
Em 1780 Walsh publicou uma música composta por Saint Germain.
Entre os maçons convidados para a Conferência de Vilhelmsbad realizada no dia quinze de fevereiro de 1782, quando a Maçonaria alemã por consenso geral acabou de vez com a enxurrada de graus superiores maçônicos que pululavam no país, oriundos da França. Saint Germain estava ao lado de Saint Martin e de outros eminentes maçons da época neste congresso.
Nos registros da Igreja de Eckenförd na Alemanha existe o seguinte registro:
“Falecido a dois de fevereiro e sepultado no dia quatro de março de 1784, o chamado Conde de Saint Germain. Outras informações desconhecidas. Enterrado privativamente nesta Igreja”.
Segundo Nicola Aslan, o esotérico Paul Chacomac, chegou à conclusão que Saint-Germain faleceu em Gottorp (Schleswig) no dia quatro de fevereiro de 1784, nos braços de Hesse-Kassel, do qual era bibliotecário e amigo íntimo que o cercara de cuidados e respeito. Mas segundo outros autores sua morte teria ocorrido no dia vinte e sete de 1784. Até na data do seu provável óbito há contradições.
Citando-se a observação de Rameau e da Condessa Gergy, ele deveria ter 124 anos por ocasião de sua morte. Impossível acreditar nisso cientificamente.
Um ano após a sua “morte” ele já estava presente numa conferência maçônica (Fraternidade Maçônica da França).
Stefannie Felicite, Condessa de Genlis, pedagoga que escreveu oitenta livros, recebendo uma pensão de Napoleão I fez uma afirmação em suas memórias que viu Saint Germain em 1821 em Viena. Nestas alturas este personagem estaria com 161 anos de idade.
Ele teria sido visto em 1835 em Paris e 1867 em Milão. Ane Besant, a teósofa, relata ter conhecido o Conde em 1896. W. Leadbeater o encontrou em Roma em 1926. Refere-se um aviador americano, em 1932 cujo avião por falha mecânica foi obrigado a pousar nas proximidades de uma montanha no Tibet relata que na aldeia havia um homem estranho que se identificou como sendo o Conde Saint Germain e lhe disse “eu sou o Conde Saint Germain e em breve voltarei para Paris”.
Pode-se acreditar nisso? Impossível. Pela ciência atual e pela própria evolução da espécie do homo sapiens sabe-se que este atualmente tem sua vida média estimada em torno dos 75 anos, com alguns macróbios chegando ou até passando dos 100 anos.
Voltaire na sua época voltaria a se manifestar: “É um homem que nunca morre”.
Franz Graffer registrou em suas “Memorias” em Viena uma frase significativa de Saint Germain: “Vou partir amanhã à noite. Vou desaparecer da Europa. Vou para o Himalaia”.
A informação de Graffer é importante porque dá a localização de um suposto centro de sábios, que viria segundo a crença esotérica preservando há milhares de anos a Ciência Secreta, ou seja, também para outros, seja o Himalaia a sede secreta da misteriosa Fraternidade Branca.
O Conde disse certa vez “É preciso estudar as pirâmides como eu as estudei”.
Saint Germain em seu Lightbody no Monte Shasta
O único manuscrito que se atribui à lavra de Saint Germain é a “La trés sainte Trinosophie”. Esse documento contem ilustrações simbólicas e um texto enigmático:
“A velocidade com que corríamos através do espaço não pode ser comparada senão a ela mesma. Num instante eu perdera de vista planícies lá em baixo. A Terra me parecia apenas uma vaga nuvem. Eu tinha sido levantado a grande altura. Durante muito tempo rolei através do espaço, Vi globos girarem em torno de mim e as terras gravitarem a meus pés”.
Evidentemente os ufólogos dirão que o Conde estava a bordo de uma nave interplanetária.
Já os parapsicólogos científicos, sem comprometimento com credos religiosos dirão que Saint Germain foi um paranormal e que simplesmente fez nesta ocasião uma bilocação de consciência, ou seja, sua mente expandiu através do universo, livre, sem a interferência dos cinco sentidos, mas com a sede da mente funcionando em seu cérebro. A mente simplesmente se expande e o indivíduo tem a sensação de estar realizando uma viagem. Este fenômeno é muito mais comum do que se imagina. Não se trata de sonho. A pessoa fica com as faculdades mentais aguçadas perfeitamente consciente, e tem a viva noção e se lembra de tudo o que está acontecendo. Não é comum o paranormal interagir com o que está ocorrendo em sua volta quando biloca. Vê tudo como se fosse num filme. Mas alguns interagem de maneira indireta. Esse fenômeno ocorre num estado alterado da mente.
Transmutações, extensão da vida, viagens espaciais, conquista do tempo, tudo isso parece ser o que chama fronteira da ciência. Poder-se-ia presumir segundo Jacques Bergier, segundo seus conceitos que Saint Germain tivesse acesso à Fonte Secreta do Conhecimento. Para os que acreditam, evidentemente.
Vários escritores famosos da época escreveram sobre este personagem enigmático. Todavia, sua biografia é muito controversa, Cada qual faz uma afirmação sobre o biografado completamente discrepante em relação aos outros. Mesmo atualmente encontramos citações até em livros de maçonólogos como é o caso do Dicionário de Maçonaria de Joaquim Gervásio de Figueiredo onde ele afirma que Saint Germain foi o maior Adepto oriental dos últimos tempos e que teria sido uma figura importante nas atividades primitivas da Franco-Maçonaria e que numerosas lojas o reverenciam como seu patrono e como luz da Ordem.
Questiona-se como ele seria recebido hoje pela sociedade? Seria taxado de louco? Talvez não fosse levado a sério, porque a ciência avançou muito, a tecnologia hoje em dia faz milagres. Já se consegue até fabricar diamantes artificiais, como ele disse que fazia, só que por outros processos.
Mas ele seria tido pelo menos pelos parapsicólogos, como paranormal. Já existem faculdades de Parapsicologia em todo o mundo, que estudam indivíduos que já nascem com determinadas capacidades mentais diferente dos tidos como normais. Este potencial mental extrapola os cinco sentidos. Só a mente fica lúcida.
Hoje se pode saber se um indivíduo como Saint Germain é paranormal, prestidigitador, esquizofrênico ou charlatão, ou lá o que seja. Já se tem parâmetros científicos para tal aferição, para pelo menos saber se é doente mental ou paranormal. Quanto aos outros epítetos, estes não se precisam de meios científicos para detecta-los, pois ainda hoje existem charlatães que enganam o povo, fazendo-se valer do famoso proverbio latino que diz: “que mundo quer ser enganado (mundus volpi dicipe)” ainda válido e se aplica ao mundo atual. Talvez até existam mais charlatães que na época de Saint Germain. Hoje são organizados dentro de um sistema financeiro se escondem sob o manto de religiões de vigaristas inteligentes e maldosos que utilizam habilmente os meios de comunicação. Vendem a mentira com maior facilidade.
Saint Germain foi maçom? Não se prova, mas possivelmente deve ter sido pelas circunstâncias da época. Enquanto que a maçonaria inglesa permaneceu apegada às suas raízes e também à Bíblia, praticando a maçonaria tradicional, a maçonaria francesa do século XVIII foi responsável pela entrada na Ordem de alquimistas, ocultistas, rosa-cruzes, cabalistas, esotéricos e praticantes de atividades afins, e também responsável pelo grande número de graus superiores. Foi justamente lá que ao lado dos ritos tradicionais, apareceram os chamados ritos mágicos praticados por Swendenborg Mesmer, Cagliostro, Schroepfer, Martinés de Pasqually e outros que fundaram lojas onde se praticava este tipo de rito que nada tinha a ver com os ritos conservadores.
As atividades de Saint Germain levam a crer que ele deve ter pertencido a alguma loja maçônica que praticasse os tais ritos de magia, também frequentou a ordem Illuminati.
Saint Germain foi um fenômeno do século XVIII. Foi algo que aconteceu e assombrou o mundo. Ele deve ter usado a Maçonaria e outras entidades ou organizações em proveito próprio como meio de promoção pessoal.
Saint Germain é um fenômeno que não se pode explicar à luz da razão cartesiana.
Várias organizações esotéricas espalhadas pelo mundo o adotaram como seu patrono ou como seu mentor, porque algumas atestam que ele ainda está vivo e que possui o Elixir da Juventude e a Pedra Filosofal.
Existe a Fraternidade Saint Germain, com sede em São Paulo.
E algumas lojas maçônicas espalhadas pelo mundo o reverenciam dando-lhe seu nome.
Foi mostrado neste trabalho um resumo do que se apurou compulsando vários livros que tratam deste assunto. Parece um tema muito ao gosto dos irmãos de tendência ocultista e esotérica, mas sabe-se que a maioria dos leitores achará este artigo fantástico, esquisito, inverossímil. Que cada um tire a sua própria conclusão.
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