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segunda-feira, 3 de abril de 2017

FONOAUDIOLOGIA NO AUTISMO


O que é o AUTISMO?

Autismo é uma complexa desordem neurobiológica que tipicamente dura a vida inteira ( tipicamente porque tem sido relatados casos com tratamentos intensivos em que algumas crianças conseguiram sair do espectro). É parte de um grupo de desordens conhecido como Desordens do Espectro Autista. As outras quatro desordens do espectro são: a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett (conforme novas informações do VII Congresso Brasileiro de Autismo, esta síndrome já está sendo retirada do espectro por apresentar características muito próprias), a Desordem Invasiva do Desenvolvimento e a Disordem Desintegrativa da Infância. O Autismo acontece em todas as raças, etnias e grupos sociais e é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas. Hoje, 1 em cada 166 indivíduos é diagnosticado com autismo nos EUA, tornando essa desordem mais comum do que o câncer infantil, a diabetes e a AIDS reunidos.

Embora não se conheça ao certo as origens, sabe-se que a predisposição genética aliada a fatores ambientais, é o gatilho para o aparecimento dos sintomas.

Os sintomas podem variar dos muito leves aos muito severos com comprometimentos na socialização, comunicação e imaginação (interesses), desde o retardo mental severo à inteligência normal com habilidades muito acima do normal em algumas áreas.

Os distúrbios na área da sociabilidade incluem prejuízos nos comportamentos não verbais, na interação social (ausência ou diminuição do contato ocular, gestos, expressões faciais e sinais convencionais expressivos de desejo ou emoções), impossibilidade de desenvolvimento de relações sociais apropriadas especialmente com indivíduos da mesma idade, inabilidade em compartilhar interesses e satisfação com os outros e falha na reciprocidade social emocional.

Na área da comunicação os prejuízos incluem atraso ou ausência da fala e inadequação da linguagem. Crianças autistas podem verbalizar, mas não utilizar a fala para se comunicar. A ecolalia, istoé, repetição imediata ou tardia de sons e discursos ouvidos, é uma manifestação muito comum, assim como a utilização de frases de músicas ou comerciais utilizadas no contexto exato para se comunicar. Nos indivíduos verbais falta a habilidade de iniciar ou manter uma conversa. Com frequência a linguagem apresenta-se repetitiva e esteriotipada. As brincadeiras imaginativas e atividades sociais são restritivas ou até mesmo ausentes.

Na categoria interesses e atividades, tem-se um comportamento esteriotipado, incluindo rituais, rotinas não funcionais, maneirismos motores (dedos/mãos, "flapping" ou movimentos com o corpo) e preocupações com partes dos objetos (rodinhas, mecanismos, olhos de boneca).



Os problemas de comunicação das crianças autistas podem ter uma grande variação e podem depender do desenvolvimento social e intelecutual do indivíduo. Alguns podem ser completamente incapazes de falar enquanto outros tem um vocabulário bem desenvolvido e podem falar sobre uma série de tópicos do seu interesse. Qualquer programa terapêutico deve começar acessando o ponto em que as habilidades linguísticas da criança se encontra.

Embora algumas crianças autistas tenham pouco ou nenhum problema com a pronúncia das palavras, a maioria tem efetivamente dificuldades em utilizar a linguagem. Até aquelas crianças que não tem problemas em articular as palavras, exibem dificuldades no uso da linguagem pragmática como saber o que dizer, como dizer e quando dizer tanto quanto interagir socialmente com as pessoas. Muitos que falam, dizem coisas sem contexto ou informação. Outros repetem o que ouviram (ecolalia) ou discursos que memorizaram em algum momento. Algumas crianças autistas falam cantando ou usando uma voz mecânica como se fossem robôs.

A Fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções orofaciais e na deglutição.

A intervenção precoce e continuada do fonoaudiólogo nos Distúrbios do Desenvolvimento, é fundamental para que o quadro clínico apresentado pelos indivíduos portadores do Transtorno Autista evolua satisfatoriamente, no que tange à sua comunicação geral, e em especial, para o desenvolvimento de sua linguagem receptiva e expressiva, oral, gestual e escrita, capacitando–o para compreender, realizar demandas e agir sobre o ambiente que cerca.
Entretanto, o profissional deve ser um profundo conhecedor do desenvolvimento normal infanto-juvenil e do desenvolvimento atípico do portador de autismo. Também deve ser capaz de diagnosticar, avaliar (porque é possível avaliar os autistas, sim, mesmo os não-verbais!), e planejar uma terapia individualizada e específica. Deve ser um profissional atualizado e consonante com a comunidade científica internacional, e nunca se deixar levar por achismos e idéias que não têm mais o respaldo científico (como as dos anos 60: mães geladeira, e dos anos 70: autismo = psicose!!!).

A terapia fonoaudiológica poderá ter como embasamento, o programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication handicapped Children), desenvolvido pelo departamento TEACCH da Universidade da Carolina do Norte, USA. Também poderá utilizar o recurso PECS (Picture Exchange Communication System), o ABA (Applied Behavior Analysis), e as técnicas de intervenção de Lovaas, sempre com vista ao treinamento e desenvolvimento da linguagem e da comunicação.

Embora nenhum tratamento seja efetivo em normalizar a fala, os melhores resultados são conseguidos com o início da terapia na idade pré-escolar e que envolve a família junto com os profissionais. O mérito é conseguir que a criança utilize a comunicação funcional, ou seja, que a criança se faça entendida. Para uns a comunicação verbal é possível e alcançável. Para outros, a comunicação por gestos ou por utilização de símbolos ou figuras já é de grande valia. Avaliações periódicas devem ser feitas para encontrar as melhores abordagens e reestabelecer as metas de cada criança.



Estratégias para pais e cuidadores de crianças com Atraso no desenvolvimento da linguagem

· Aguardar, observar e ouvir tudo o que a criança tem para manifestar: gestos, vocalizações e olhares;

· Não atuar de forma diretiva e controladora, dando oportunidade para a criança manifestar seus desejos, interesses e necessidades;

· Fornecer oportunidades que favoreçam a comunicação e saber aguardar uma resposta;

· Usar linguagem compatível com as possibilidades de compreensão pela criança;

· Interpretar atos não intencionais como se fossem atos comunicativos intencionais;

· Não dar automaticamente as coisas para a criança: aguardar que ela tome iniciativa para solicitar os objetos;

· Conhecer as capacidades comunicativas típicas de cada criança e saber que é esse recurso que se pode contar no momento da interação com elas;

· Solicitar pouco de suas capacidades ou exigir acima do que ela pode responder significa possível quebra de interação por falta de sintonia entre os interlocutores;

· Garantir a proximidade física e o contato face a face: esta facilita o intercambio comunicativo;

· Imitar sistematicamente o que a criança faz é uma forma eficiente de chegar ao seu nível: é como sintonizar na mesma estação em que ela opera;

· Dar nome as coisas, de modo natural. Nomear sistematicamente objetos e ações aumenta a possibilidade de compreensão, assim como conduz ao uso de palavras novas;

· As situações do dia a dia devem ser adaptadas de modo que levem a criança a usar a linguagem como um meio privilegiado de ação;

· Criar pequenos problemas cujas soluções impliquem atos comunicativos, EX: dar a mamadeira vazia na hora de tomar o leite, apresentar uma caixa sem o conteúdo que habitualmente à criança encontra dentro dela e assim por diante. Aguardar as atitudes da criança para resolver situações como esta.
O QUE DEVE SER EVITADO

· Tomar sistematicamente a iniciativa da comunicação;

· Ficar testando a capacidade das crianças com ordens e perguntas;

· Ficar dirigindo a ação da criança, dizendo como deve agir ou proceder;

· Interromper o silencio que corresponde ao tempo de espera que deve dar para que a criança tome a iniciativa da comunicação;

· Ficar falando no lugar da criança;

· Falar em excesso sem dar tempo para criança responder ao tomar a iniciativa.

REF: https://sites.google.com/site/desvendandooautismo/home

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