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domingo, 1 de julho de 2012

Quem conta um conto, aumenta dois pontos

                                                 Delírium 
                                   
                                             50 graus de febre !



A brisa de setembro é sentida na aurora de todas manhãs.Tão forte os moinhos de vento, tão suaves visto de tão longe, que mais parecem tulipas brancas.
Aquele velho sentado no banco da praça com cabelos de algodão sorri para o nada, hoje  eu sei o que significa insanidade, é um refluxo do espelho em espirais de mim mesmo, envolto ao inócuo e transparente vidro da minha própria epiderme. Já são 19 graus contados do relógio da praça da matrix, são os batimentos cardíacos, às vezes esfria, às vezes esquenta, nunca ficou morno, acho que foi a pimenta eu sei. Ela insiste em condimentar tudo, mesmo tudo estando tão salobre ultimamente! Estou pegando fogo, minha pressão arterial está a quase 400 mil e eu aqui da minha janela vendo o tempo passar na carona do viajante. 
- Existe um mar lá longe, não sei oque é, tem pessoas correndo dentro dele eu posso ver, peixes voando acima do nível e sereias, humm as sereias, são tão sutis, cantam com o olhar e olham com a voz, a penetrante imensidão do paraíso.
- O telefone está tocando mais uma vez, não vou atender, a secretária disse que eu não estou no momento e se quiser, deixe um recado após o sinal, secretária sem educação essa, mas não estou mesmo, ou será que estou? Cobranças, cobranças e mais cobranças, culpa das sereias que cantam d+. E esse frio aqui dentro? Mas eu estou em combustão o que é isso? Será que foi porque meus pés estavam descalços? Ligo a TV, está passando um filme, nossa, acabei de vê-lo da janela do meu quarto, como pode estar passando no monitor? Os pensamentos tomam conta do meu furor, e a febre continua subindo, tanto, que já não consigo levantar a cabeça pra olhar nos olhos de ninguém, acho que é um presságio, quando isso acontece , o vulcão entra em erupção no Alasca. O tempo está passando da janela, posso ver os graus centígrados, o voo das andorinhas das 4:20 da tarde, então ascendo a vela e deito e durmo e acordo e como alguma coisa e começa tudo de novo, porque nesse delírio só eu posso ver o presente do futuro passando no monitor da janela do meu quarto.Culpa dos moinhos, todos os dias eles assopram esse vento em mim, e  por causa disso, todos os dias eu vejo da minha janela essa miragem nos meus olhos. Enquanto lince não volta dos becos da favela da Congregação, eu fico aqui, oscilando, às vezes frio às vezes quente, às vezes eu levanto, às vezes eu simplesmente vou trabalhar, se não, o ancião da praça começara a rir de novo, porém dessa vez será de mim, mas isso eu não deixo, por que esse delírio é só meu e de mais ninguém.

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